3.2.11

Sobre a topografia da paixão


fig. 1 - Representação topográfica de um sujeito sem nenhuma paixão
aparente. Existe um relativo equilíbrio entre seu desejo e seus 
pensamentos.

fig.2 - Representação topográfica dos primeiros instantes após o
surgimento de uma paixão. Percebe-se que os pensamentos ainda
mantem o mesmo padrão da fig. 1. Isto se deve, possivelmente, 
ao fato de ser uma paixão inicial, apenas um foco, um ponto sem
muita força.

fig. 3 - Alimentada pelo desejo a paixão cresce ocupando cada vez 
mais espaço (este crescimento é definido pelas particularidades de
cada caso). Agindo como um corpo gravitacional, a paixão, 
de acordo com seu desenvolvimento, começa a modificar a estrutura 
dos pensamentos.


fig. 4 - Fase mediana. Através da representação acima
é possível perceber que metade da estrutura de pensamentos
do sujeito ainda não estão sob influência direta da paixão.
Entretanto, deve-se
ressaltar que, indiretamente esta metade já foi modificada.

fig. 5 - A representação topográfica da paixão.
O indivíduo apaixonado. Neste estágio, todos os pensamentos
passam pelo núcleo da paixão. 

fig. 6 - Rumo ao desconhecido. Alimentada pelo desejo e pelos
pensamentos, a paixão pode tomar proporções inimagináveis.
Neste exemplo, percebe-se o avanço sobre toda a estrutura.
Não existe um final definido para este processo. Entretanto,
quando não mais alimentada pelo desejo e pelos pensamentos,
verifica-se um atrofiamento vertiginoso nas proporções do objeto
em questão. Em muitos casos foi constatado o desaparecimento
total de uma paixão, sendo sua existência comprovada apenas por
sutis variações na estrutura dos pensamentos que a haviam
alimentado (como representado na fig. 1).